quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Um espaço de cumplicidade

Pela lógica de uns e outros ajuizados, o Alpharrabio tinha tudo pra não dar certo: livraria de usados em local de pouco movimento comercial; cidade de pouca gente afeita à leitura; época de marasmo cultural que caracterizou o governo Collor a partir de 1990…

Mas como anotei no cotidiário ABC Cotidiano, o Alpha ainda daria o que falar. Apesar da paralisia, enfrentávamos ainda um processo recessivo por conta da reestruturação produtiva, além da ideologia neoliberal que passou a dominar o Ocidente, o Brasil inclusive, num processo iniciado após a queda do Muro.

Todas essas barreiras não foram suficientes para inibir a ousadia da poeta Dalila Teles Veras de levar a cabo o projeto de uma livraria como parte de um projeto cultural.

Mas afinal a escritora conhecia o chão em que estava pisando, na qualidade de líder de um grupo poético que marcou época no ABC a partir de 1983: o Grupo Livrespaço de Poesia, que atuava na rede escolar e outros locais, formando leitores e estimulando o surgimento de futuros autores.
Tudo testemunhei e me deixei envolver pelo entusiasmo, combustível indispensável para quem lida com cultura. E me empolguei quando Dalila anunciou a abertura do espaço-cultura na Rua Eduardo Monteiro, perto da minha casa.

Graças à paixão da poeta e da sua escudeira Luzia Maninha, não demorou muito a livraria passou a ser um espaço de cumplicidade, com diálogos se cruzando entre pessoas dedicadas à literatura, ao teatro, à música, às artes plásticas e a outras manifestações artísticas.

Mas não estou aqui para dar uma de historiador que não sou. Quem quiser conhecer os fatos como eles aconteceram, sugiro uma folheada no livro Alpharrabio 12 anos: uma história em curso, onde a dupla Dalila e Maninha registra a etapa mais importante do projeto, tudo relatando com informações complementares sobre participantes de eventos e outras atuações.

Também as demais publicações como o jornal cultural Abecês e o acervo ABCs – Núcleo Alpharrabio de Referência e Memória não devem ser desprezadas.

Já disse num dos meus livros sobre o ABC que se eu não tivesse participado aqui de momentos como os vividos no espaço cultural da Rua Eduardo Monteiro, nº 151, certamente não teria motivos para morar e me orgulhar de viver em Santo André, como gostava de dizer o ex-prefeito Celso Daniel em relação à cidade.

Um comentário:

Penélope Martins disse...

Sampaio, querido, parabéns pelo blog e por sua energia contagiante. Aproveite o espaço para forrozar tudo o que você sabe e gosta da música. Eu vou ficar de olho bem curioso!! Beijo enorme com abração!