quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Pelos Sertões

      Estou indo pro Recife, de onde seguirei para Serra Talhada, Carnaubeira e outras localidades sertanejas. 
     Aos que ficam na grande cidade suportando a psicose natalina e os excessos, principalmente de consumo, desejo felizes festas com um momento de reflexão sobre a vida que estamos levando. 
     Depois do Natal, retorno ao Recife, ponto inicial para uma viagem por outros sertões. Tudo na base do improviso, sem reserva de hotel, sem referências nem nada. Sem lenço nem documento como se dizia antigamente. 
     Os cúmplices dessa caminhada sem destino são quixotins como: Lito Feijão e Toninho Sampaio. Caruaru e Campina Grande são as únicas cidades programadas, pois ir a Caruaru sem visitar Campina Grande é  perder a chance de conhecer uma cidade síntese da cultura sertaneja paraibana. 
     Pra volta, prometo mais. 
     Bom fim, bom começo, como se diz na minha Bahia velha de guerra, que espero visitar no finzinho da viagem. 
     Até lá.
A.P.S.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Os Corbianos e o hábito de falar em público

    Você já imaginou ser convidado para um almoço e ser convencido a discursar sem estar preparado? No último dia 10 de dezembro assim me vi. Tinha bons motivos para “fazer uso da palavra”, mas não estava afim. Porém, depois de ouvir vários oradores, chegou a minha vez. Ainda bem que eu tinha um motivo especial, o aniversário da minha afilhada Cláudia Manente, que também acabou discursando, como as demais pessoas presentes ao ágape, comovidas pelas palavras envolventes de Antonio Fernandes Neto, um professor de oratória que marcou época num momento histórico em que falar em público motivava muita gente.
    Em 1949, quando o Brasil há menos de quatro anos havia saído da ditadura do Estado Novo, e sob a garantia da Constituição de 1946, a luta pela democracia motivava principalmente políticos, estudantes e trabalhadores. 
    Nesse clima, em 1949, um grupo de estudantes resolveu fundar uma entidade dedicada ao estudo, à prática e à difusão da oratória. Havia outro motivo especial, o centenário do nascimento do tribuno baiano Ruy Barbosa. E assim nascia o Centro de Oratória Ruy Barbosa – CORB, que marcou época na vida cultural de São Paulo, principalmente nas décadas de 50 e 60. Nesta, teve suas atividades suspensas por conta da nova ditadura, a dos militares, iniciada em março de 1964. 
   Não obstante os dias cinzentos que marcaram a mais longa das nossas ditaduras, os corbianos continuaram cultivando a arte de falar em público.
   Hoje o CORB – daí a palavra corbiano –, não possui sede nem atividades regulares, mas um grupo de corbianos de todas as épocas periodicamente se reune, como aconteceu no último encontro.
   Esse nariz de cera para dizer que no dia 10 de dezembro de 2011, havia outro motivo especial para um encontro corbiano: o escritor Luiz Clério Manente, corbiano antigo, estava lançando sua última obra, Poemas, Melodias e Seus Autores Maravilhosos, um livro de biografias de escritores, artistas, inclusive o ator Juca de Oliveira e o poeta Solano Trindade.
  Memorável encontro com  almoço demorado no Restaurante Brasilton Hotel Inn, em São Paulo, que só terminou depois que todos discursaram, inclusive convidados que se preocuparam ao saber que também iam “fazer uso da palavra”, como costumam dizer antigos corbianos. Mas todos se saíram bem, com surpreendentes improvisos, sem se falar dos discursos eruditos de mestre da oratória como Antonio Fernandes Neto e João Meireles Câmara.
   Foi um ancontro memorável que logo poderá ser repetido, graças ao empenho de gente como Isaú Cunha Freire, que promete repetir a dose no próximo ano.     
                                                                           A.P.S.