Sou de uma
Testemunhei
Essa
Anderson,
No
Na
A
Orgulho-me de
Antonio Possidonio Sampaio [17.05.2005]
Sou de uma
Testemunhei
Essa
Anderson,
No
Na
A
Orgulho-me de
Antonio Possidonio Sampaio [17.05.2005]
UMA FESTA INESQUECÍVEL
Antonio Possidonio
Sampaio
Inesquecível,
esta a palavra exata para qualificar a festa de inauguração do ABCs - Núcleo
Alpharrabio de Referência e Memória, ocorrida na noite de 16 de março na
Livraria Alpharrabio, em Santo André.
Para quem perdeu
a festa de casa lotada, animada com um show dos compositores e cantores Kleber
Albuquerque e Zé Terra, certifico e dou fé que a inesquecível noitada assinalou
também o sexto aniversário do Alpharrabio Livraria Espaço-Cultura, local de
encontro de intelectuais, escritores, poetas, gente de teatro, de artes
plásticas e outras atividades artísticas, além da freguesia de livros raros,
usados e novos.
O Alpharrabio foi
inaugurado a 21 de fevereiro de 1992, mas este no ano a festa de aniversário
foi adiada por causa do carnaval. Sua proprietária, a poeta, pesquisadora e
ensaista Dalila Teles Veras, resolveu realizar uma única festa, a que
freqüentadores da Casa e convidados que se deslocaram de outras cidades da
região e de São Paulo compareceram em número surpreendente, assinalando um
momento histórico na vida cultural da região.
Assim, a
inauguração do ABCs representa mais uma etapa na trajetória desse importante
pólo de referência cultural que o Alpharrabio atualmente representa. Seu
prestígio crescente ficou mais uma vez comprovado também pelo noticiário da
imprensa local e de veículos de informações como a Rádio Eldorado, de São
Paulo, que destacou a inauguração do ABCs em seu noticiário nobre, através de
entrevista da incansável Dalila, que certamente se orgulhou do notável
acontecimento.
No ABCs, que
funciona na Livraria Alpharrabio (rua Eduardo Monteiro, 151 - Santo André),
pesquisadores e interessados em conhecer a cultura artística da região, bem
como seus escritores e outros cuja produção diga respeito ao ABC, encontram
centenas de livros, recortes de jornais e revistas, fotos e outros documentos
relacionados à região.
Trata-se de mais
uma iniciativa generosa da poeta Dalila que por isso merece aplausos de todos
nós.
fevereiro/1992
A FIDELIDADE DE FIEL E A MINHA INFIDELIDADE
Antonio Possidonio
Sampaio
Quem na vida não
cometeu algum tipo de infidelidade? Você não? Pois eu já. Meu remorso pela
mancada foi inclusive tornado público, apesar de não ter certeza de que alguém
disso tenha tomado conhecimento, pois a minha confissão está em Andanças na
Contramão, meu último livro, esgotado no dia do lançamento e de edição pequena.
Mas voltemos à
infidelidade, palavra que os politicamente corretos acham que deveria ser
banida do dicionário, assim como o professor de direito penal Ney Moura Teles
entende que o conceito de "mulher honesta" deve ser riscado do Código
Penal.
Mas como o
conceito de infidelidade se ajusta à esfera moral e não à jurídica, com licença
dos jus-filósofos, continuo entendendo que qualquer pessoa está sujeita a
receber a pecha de infiel por este ou aquele motivo moralmente reprovável.
Fiel mesmo de
verdade só conheço um. Ele é freqüentador assíduo do Parque Antonio Flaquer,
mais conhecido como Ipiranguinha.
Na minha
caminhada mututina da última quarta-feira de cinzas, lá estava ele, aguardando
por seus companheiros de caminhada que geralmente chegam ao parque por volta
das seis e meia. Às seis, Fiel já era notado nas imediações dos equipamentos
para alongamento.
Nessa quarta de
cinzas, Fiel estava mais inquieto do que de costume, talvez por que seus
companheiros não tenham ido caminhar durante o carnaval ou por outro motivo
qualquer. Cheguei a fazer-lhe alguns agrados como estalar os dedos e esboçar
sorriso de amizade e reconhecimento, mas nada disso funcionou.
Só com a chegada
do Paulo, aquele nisei simpático que cumprimenta todo mundo com um caprichado
bom-dia, Fiel sossegou. Correu em direção ao amigo, que o cumprimentou com um
delicado toque de mão direita na pata esquerda que Fiel ergueu com estilo que
os portadores de pedigree raramente possuem.
Pois é, já
confessei no referido livro que fui infiel e acometido de remorso quando
substituí o Parque dos Amores, mais conhecido por Duque de Caxias, pelo
Ibirapuera. E agora, em reincidência, troquei provisoriamente o Parque dos
Amores pelo Ipiranguinha, não só pelo fato de o Duque passar por reformas, mas
e principalmente por me sentir tão bem presenciando as lições de fidelidade de
Fiel por seu amigo Paulo.
Não tenho
intimidade com Paulo nem sei o nome do seu simpático cachorro. Se fosse meu,
certamente o chamaria de Fiel. O que você acha?
A ORATÓRIA E OS
CORBIANOS
Antonio
Possidonio Sampaio
Nos idos de abril de 1957, comecei a freqüentar o CORB - Centro de Oratória Rui Barbosa, que naquela época promovia reuniões aos domingos pela manhã no auditório da Câmara Brasileira do Livro, na avenida Ipiranga, 1267, em São Paulo.
Dedicado ao
estudo, à prática e à difusão da oratória, o CORB foi fundado em 1949, ano em
que o Brasil comemorava o centenário do nascimento de Rui Barbosa, jurista e
tribuno baiano.
A oratória ou
estudo da arte de falar em público, hoje mais conhecida como comunicação
verbal, na época atraía muitos jovens, estudantes e pessoas de outras ocupações
e níveis de cultura.
O ambiente me
agradou tanto que acabei freqüentando a entidade por vários anos, vindo a
assumir a sua presidência em 1971.
O que mais me
atraía no CORB era o pluralismo democrático reinante entre seus associados,
denominados corbianos, que a exemplo de outras associações, em 1964 veio a
sofrer uma dispersão geral, quando as reuniões eram realizadas no Sindicato dos
Bancários, que por causa do golpe militar sofreu intervenção e o CORB mais uma
vez ficou sem local para as suas reuniões, situação enfrentada antes e depois
do golpe, pois a entidade, sem fins lucrativos, não possuía sede.
Na década de 80 o
CORB encerrou suas atividades, mas um grupo de antigos corbianos, incluindo
fundadores da entidade, continua se reunindo mensalmente num restaurante no
centro de São Paulo, onde, antes, durante e depois do jantar falam de suas
experiências na entidade. Eles resolveram escrever um livro em que a história
do Centro de Oratória Rui Barbosa será contada com base em depoimentos de
antigos corbianos e documentos que em parte se salvaram do tempo e das
mudanças.
A mim coube um
relato do denominado período áureo do CORB, no começo dos anos 60, quando as
reuniões eram realizadas aos domingos pela manhã no auditório Galeão Coutinho,
da União Brasileira de Escritores, em São Paulo.
Estudantes de
direito e advogados sempre procuraram aperfeiçoar seus dotes oratórios no CORB.
Alguns se tornaram professor da matéria, como Antonio Fernandes Neto e João Meireles
Camara, aquele autor do livro "Comunicação e Persuasão", e o último
autor das obras "No Plenário do Juri", "Técnicas de Oratória
Forense e Parlamentar" e "Estratégia da Palavra", este dedicado
aos colegas de turma (1972) do autor, na Faculdade de Direito de São Bernardo
do Campo.
Outros
professores de oratória começaram no CORB, com Stefanio de Faria Alves, Gualter
Brasiliense, Mário Luiz Pereira de Souza e Carlos Aurélio da Mota de Souza, que
foi juiz titular da 3ª Vara Cível de Santo André.
Nos anos 60 e 70,
Fernandes Neto e Meireles Camara, respectivamente, ministraram cursos de
oratória em Santo André (no Sindicato dos Metalúrgicos), na Faculdade de
Direito de São Bernardo e no auditório do Teatro Municipal. Na região ainda
existem ex-corbianos, como Zoilo de Souza Assis, o casal Valdecirio e Dalila
Teles Veras, Valdenízio Petroli, Odilon Soares de Oliveira, o autor desta
materia, Alexandre Takara e tantos outros que a memória não ajuda registrar.
Dia desses um
antigo corbiano me perguntou: por que alguém do ABC ainda não se lembrou de
fundar na região algo semelhante ao CORB?
Eis ai uma
pergunta que certamente poderia ser melhor respondida por pessoas mais jovens,
principalmente estudantes de direito ou mesmo advogados e outros profissionais
que usam a palavra como instrumento de trabalho e difusão de suas ideias.
APS - 10 de março de 2010 - Autobiografia Falada Livraria Alpharrabio |