segunda-feira, 16 de abril de 2012

Irmão grande

POEMINHA PARA O IRMÃO GRANDE ANTONIO POSSIDONIO SAMPAIO
                    

Meu irmão grande nasceu quinze anos antes de mim
e nossa amizade, hoje, tem metade de sua idade

Conheci meu irmão grande no mesmo dia
em que conheci um irmão do irmão grande
um irmão por eleição, por laços de afinidades

Com esse irmão do irmão grande
casei, tive filhas, netos e vivo

Do irmão grande fiquei amiga
encontros definitivos que duram
sem perspectiva de findar

Meu amigo grande bem mereceria um livro
não um poeminha sem pé nem cabeça
um livro que desse conta de uma vida
sempre em recomeço
sempre em projeto
sempre em estado de bem viver

Meu amigo Sampaio bem mereceria
nestes seus oitenta anos
um texto que não sou capaz de escrever
que falasse de seus muitos méritos
que bem avaliasse seus escritos
que mergulhasse nessa inteira vida
de homem inteiro, em defesa
intransigente do ser humano

Seus méritos, suas angústias, suas falhas,
sua grandeza, sua humanidade não precisam
de ninguém para os dizer ou exaltar
estão nos seus escritos, palavras
recolhidas nas muitas e incessantes andanças
ao lado de Salvador Bahia, alterego
a quem empresta o olhar e a consciência
declaração  explícita e amorosa à cidade

Meu amigo grande
é meu irmão e pronto
irmão de meu marido
tio de minhas filhas
tio avô de meus netos
com direito a ser chamado de tio
sem tio de sangue ser
com direito a ser chamado de irmão
sem irmão de sangue ser

Meu irmão grande fez oitenta
nossa amizade quarenta
e este poeminha não dá conta
da tarefa grande que é dizer
o ser humano grande que ele é.


dalila teles veras, 10 de março de 2012


(nota da autora: Literatura propriamente não é, visto que a palavra comprometida pela proximidade afetiva e isso, na maioria dos casos, prejudica um trabalho mais isento com a linguagem poética propriamente dita. Vale pela intenção de homenagem e sinceridade com que foi construído.)