segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A História confundida

   Maria da Luz, antiga ativista sindical e participante do I Congresso da Mulher Metalúrgica, me liga pela segunda vez protestando contra um erro para o qual não concorri, mas nem por isso me quedo na indiferença.
 
   Da Luz participou ativamente do I Congresso da Mulher Metalúrgica, realizado no então Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema nos dias 21 e 28 de janeiro de 1978, quando só homens fizeram parte da mesa de encerramento, conforme se pode conferir na página 156 do livro “Imagens da Luta – 1905-1985”, que erroneamente atribui a foto como sendo do III Congresso dos Metalúrgicos realizado em outubro de 1978.
 
   A ativista tem razão e renovou sua contrariedade depois de ter visto a foto publicada com repetição do erro no jornal Tribuna Metalúrgica de 18 de novembro de 2011.
 
   Salvador Bahia, que também participou dos dois congressos, ao ver a foto questionada, comunicou-se com a redação do jornal, que está devendo aos seus leitores e à história a versão correta dos fatos.
 

I Congresso da Mulher Metalúrgica,
realizado no então Sindicato dos Metalúrgicos de
São Bernardo do Campo e Diadema nos
dias 21 e 28 de janeiro de 1978


terça-feira, 22 de novembro de 2011

A organização dos escritores

     Após o encerramento do Congresso Brasileiro de Escritores, realizado em Ribeirão Preto de 12 a 15 de novembro último, a diretoria da União Brasileira de Escritores, que organizou  o encontro, está analisando seus resultados.
     Ao contrário dos congressos de 1945 e 1985, quando inquietavam os escritores a ditadudura estadonovista e a dos militares, agora se buscam novos caminhos.
     O congresso de Ribeirão Preto, realizado num ambiente de normalização democrática, além de pleitos de natureza corporativa, avultou-se a necessidade da organização das entidades representativas dos homens e das  mulheres de letras, como a UBE depois do Brasil redemocratizado.
     A estratégia iniciada  antes, durante e depois do congresso, já começa a dar bons frutos. Escritores novos e nem tanto se mostram dispostos a bancar desafios, em curso principalmente por núcleos da União Brasileira espalhados pelo Brasil (www.ube.org.br).
     Na qualidade de participante do último congresso e do de 1985, sou um daqueles que entendem que a organização dos escritores está mesmo  na ordem do dia, pois a classe precisa alcançar um novo patamar à altura da posição que o novo Brasil vem assumindo no concerto das Nações.    
Através deste rotativo, me ponho à disposição dos interessados para troca de ideias a respeito. A.P.S.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A quem possa interessar

     Há vinte e tantos anos escrevo diário sem faltar um dia sequer. O motivo foi minha ida a Cuba nos últimos dias de dezembro de 1983, a fim de assistir em 1º de janeiro de 1984 às comemorações do 25º aniversário da revolução cubana. E acabei por me viciar em relatos do cotidiano.

     Revelo o segredo como uma forma de gratidão à primeira leitora do meu primeiro texto publicado recentemente neste rotativo, relatando inclusive a publicação no jornal O Escritor de parte de um improvisado diário conferindo parte das ocorrências no decorrer do Congresso Brasileiro de Escritores de 1985.

     E aproveito a oportunidade para dizer que concordo com as observações da leitora de que escrever diário contribui para aumentar a paixão pela criação literária, aguçando os sentidos  para a captação de miudezas afetivas do cotidiano, condimento indispensável para agregar valor ao pitéu.

     E acho que para quem deseja dar os primeiros passos na arte de escrever, o caminho é mesmo o diário, com perdão de oficineiros, críticos e mestres da criação literária.

     Espero voltar ao assunto depois do Congressoo Brasileiro de Escritores em realização na cidade de Ribeirão Preto entre os dias 12 e 15 de novembro de 2011, que espero acrescentar nas páginas do meu velho diário, a exemplo do que aconteceu no CBE/85.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

ABCDMaior do dia 8 de novembro


Leia aqui

No Porão da Memória

Passo boa parte da tarde desta primeira sexta-feira de novembro de 2011 entre livros e documentos que conservo no Porão, uma espécie de filial da minha bagunçada biblioteca, pois o Refúgio, que Salvador Bahia considera a matriz, há tempo não suporta mais nada.
Na matriz, conservo livros mais recentes, umas poucas coleções que raramente consulto, como a dos laureados Nobel que ocupa mais da metade da última prateleira. Na filial, livros mais antigos, publicações da época da repressão e boa parte da coleção de O Escritor, que a exemplo da Tribuna Metalúrgica (os dez primeiros anos) e Leia Livros, que hoje nem existe mais, convivem com uma visita indesejável – traça. Segundo a senhora que limpa o local, os cupins também estão de volta. E Salvador Bahia tenta me acalmar: é mais um problema para ser resolvido no começo do próximo ano.
Fui ao Porão em busca do jornal o Escritor de junho de 2005, onde transcrevi parte de um diário escrito nos intervalos das atividades do Congresso Brasileiro de Escritores de 1985 – CBE/85, realizado em São Paulo de 17 a 21 de abril daquele ano.
A realização de um congresso com participação de escritores de todo o Brasil e representantes de outros países de expressão portuguesa era um compromisso de um significativo grupo de escritores e intelectuais que desde o começo da década de 80 tinha como objetivo renovar os quadros da UBE, participar da luta de redemocratização do País e valorizar o trabalho do escritor.
No exemplar de O Escritor no começo referido, alinhei, ao lado dos escritores Fábio Lucas e Caio Porfírio Carneiro, os principais acontecimentos do encontro, que deveria ser encerrado por Tancredo Neves, presidente da República eleito que não chegou a tomar posse, pois veio a falecer na mesma data do encerramento do congresso, 21 de abril de 1985, fato que causou grande consternação e perplexidade, pois naquele ano a longa ditadura de 21 anos estava chegando ao fim. O resto da história todos conhecem.
Esse longo nariz de cera para dizer que é com orgulho que participo de um novo congresso a cargo da União Brasileira de Escritores. Digo isso porque no encontro de 1985 chamaram a atenção dois participantes com mais de 80 anos, idade que agora acabo de comemorar. Foram eles: Heitor Ferreira Lima e Helio Silva. Este declarou à imprensa: “Este congresso é um porre de democracia e dele deve sair coisa séria”.
De lá para cá a UBE vem passando por uma série de dificuldades, como o despejo da tradicional sede da Rua 24 de Maio, 250 – 13º andar e outros fatores que certamente virão à tona durante este novo encontro.
No instante em que a atual diretoria da entidade realiza esse tão aguardado congresso em Ribeirão Preto, de 12 a 15 de novembro de 2011, espera-se que o escritor brasileiro, consciente da importância de uma entidade de classe representativa assuma o papel que dele a sociedade espera, como em 1945, quando aconteceu o primeiro congresso marcadamente contra a ditadura do Estado Novo, e o de 1985, buscando novos rumos da convivência democrática.
Os debates e outras manifestações certamente apontarão o caminho a ser seguido.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Versos para Antonio Possidonio Sampaio

Moreira de Acopiara




Oitenta anos de vida,
Oitenta anos de idade;
Estar saudável, com os seus,
É muita felicidade.
Residir em Santo André
Eu asseguro que é
Para nós grande presente.
Só resta comemorar,
Ser feliz e relaxar
Um pouco daqui pra frente.

Foi muito bom ter nascido
Nas plagas do sertão nu,
E por ter sido menino
Na região de Iaçu.
Parabéns por ter lutado,
Por ter sonhado, estudado,
E, finalmente, vencido.
Nem todos podem vencer
Para aos oitenta dizer:
Meu tempo não foi perdido.

Parabéns pelo seu filho,
Que alegrias trouxe e traz.
Família tão solidária
Quase a gente não vê mais.
Parabéns pelo bom gosto
De andar com um riso no rosto
Durante esses longos anos,
E no auge dessa história
Colher os louros da glória,
Já pensando em novos planos.

Parabéns, bom Possidonio,
Não vou perdê-lo de vista.
Só que aqui não cumprimento
O advogado, o jornalista...
Mas o cidadão do povo,
Com oitenta, porém novo,
Que ainda esbanja energia.
Os seus amigos não mentem!
Veja como eles se sentem
Bem na sua companhia.

Eu tenho esse privilégio
De abraçá-lo nos oitenta,
E vou concentrar esforços
Para vê-lo nos noventa.
Estou com cinquenta agora
Quando você comemora
Oitenta e não fecha a cara.
Por fim, nesse instante eu faço
Ponto final. Grande abraço!
Moreira de Acopiara.