A ORATÓRIA E OS
CORBIANOS
Antonio
Possidonio Sampaio
Nos idos de abril de 1957, comecei a freqüentar o CORB - Centro de Oratória Rui Barbosa, que naquela época promovia reuniões aos domingos pela manhã no auditório da Câmara Brasileira do Livro, na avenida Ipiranga, 1267, em São Paulo.
Dedicado ao
estudo, à prática e à difusão da oratória, o CORB foi fundado em 1949, ano em
que o Brasil comemorava o centenário do nascimento de Rui Barbosa, jurista e
tribuno baiano.
A oratória ou
estudo da arte de falar em público, hoje mais conhecida como comunicação
verbal, na época atraía muitos jovens, estudantes e pessoas de outras ocupações
e níveis de cultura.
O ambiente me
agradou tanto que acabei freqüentando a entidade por vários anos, vindo a
assumir a sua presidência em 1971.
O que mais me
atraía no CORB era o pluralismo democrático reinante entre seus associados,
denominados corbianos, que a exemplo de outras associações, em 1964 veio a
sofrer uma dispersão geral, quando as reuniões eram realizadas no Sindicato dos
Bancários, que por causa do golpe militar sofreu intervenção e o CORB mais uma
vez ficou sem local para as suas reuniões, situação enfrentada antes e depois
do golpe, pois a entidade, sem fins lucrativos, não possuía sede.
Na década de 80 o
CORB encerrou suas atividades, mas um grupo de antigos corbianos, incluindo
fundadores da entidade, continua se reunindo mensalmente num restaurante no
centro de São Paulo, onde, antes, durante e depois do jantar falam de suas
experiências na entidade. Eles resolveram escrever um livro em que a história
do Centro de Oratória Rui Barbosa será contada com base em depoimentos de
antigos corbianos e documentos que em parte se salvaram do tempo e das
mudanças.
A mim coube um
relato do denominado período áureo do CORB, no começo dos anos 60, quando as
reuniões eram realizadas aos domingos pela manhã no auditório Galeão Coutinho,
da União Brasileira de Escritores, em São Paulo.
Estudantes de
direito e advogados sempre procuraram aperfeiçoar seus dotes oratórios no CORB.
Alguns se tornaram professor da matéria, como Antonio Fernandes Neto e João Meireles
Camara, aquele autor do livro "Comunicação e Persuasão", e o último
autor das obras "No Plenário do Juri", "Técnicas de Oratória
Forense e Parlamentar" e "Estratégia da Palavra", este dedicado
aos colegas de turma (1972) do autor, na Faculdade de Direito de São Bernardo
do Campo.
Outros
professores de oratória começaram no CORB, com Stefanio de Faria Alves, Gualter
Brasiliense, Mário Luiz Pereira de Souza e Carlos Aurélio da Mota de Souza, que
foi juiz titular da 3ª Vara Cível de Santo André.
Nos anos 60 e 70,
Fernandes Neto e Meireles Camara, respectivamente, ministraram cursos de
oratória em Santo André (no Sindicato dos Metalúrgicos), na Faculdade de
Direito de São Bernardo e no auditório do Teatro Municipal. Na região ainda
existem ex-corbianos, como Zoilo de Souza Assis, o casal Valdecirio e Dalila
Teles Veras, Valdenízio Petroli, Odilon Soares de Oliveira, o autor desta
materia, Alexandre Takara e tantos outros que a memória não ajuda registrar.
Dia desses um
antigo corbiano me perguntou: por que alguém do ABC ainda não se lembrou de
fundar na região algo semelhante ao CORB?
Eis ai uma
pergunta que certamente poderia ser melhor respondida por pessoas mais jovens,
principalmente estudantes de direito ou mesmo advogados e outros profissionais
que usam a palavra como instrumento de trabalho e difusão de suas ideias.
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