quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Temos as cdiddes que merecemos?



Para mim elas representaram tudo: aprendizado, sobrevivência, realização de sonhos e também desilusão.
Nasci na roça, onde morei até os dez anos, quando me mudei para um lugarzinho com menos de mil habitantes; na seqüência, pra outro maiorzinho, sempre sonhando com lugares maiores, metrópoles, onde quem sabe os sonhos sugeridos pelo rádio que na época, meados dos anos 40 não deixava dúvida ser o Rio de Janeiro.
E antes de completar dezoito, peguei um ita no Nordeste com destino à Cidade Maravilhosa, mas durante a viagem o acaso mudou meu rumo e acabei esbarrando em São Paulo, que no final da década de 40, era conhecida como a Terra da Garoa.
Após o espanto do tabaréu na “cidade que mais cresce no mundo”, como então se alardeava, comecei a perceber que na cidade grande prevalecia a lei dos espertos, requerendo peito e coragem para sobreviver-se. E assim procedi. Foram exercícios necessários para a conquista da cidadania plena, a partir de quando me conscientizei de que tudo vale a pena, quando a alma não é pequena, conforme Pessoa havia proclamado.
E esbarro com esse nariz de cera que não me permitiu dizer tudo o que pretendia, neste espaço limitado imitando a lógica dominante nas cidades grandes, cada vez limitando mais o espaço desejado.
E assim, faço minhas as palavras de gente que como eu ama as cidades:
Milton Santos: “O homem de fora é portador de uma memória, espécie de consciência congelada, provinda com ele de um outro lugar. O lugar novo o obriga a um novo aprendizado e a uma nova formulação.”
Joseph Rykwart: “Será que também temos as cidades que merecemos?”
Eis a pauta esquecida, que urge ser retomada. E a propósito: o que aconteceu com o projeto Santo André Cidade Futuro, menina dos olhos do saudoso Celso Daniel?

Antonio Possidonio Sampaio
2004

Nenhum comentário: